Prefeitura promove encontro com a comunidade haitiana
- MARIO BASTOS
- 26 de jun. de 2017
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Somos quase três mil, dizem imigrantes do Haiti
O auditório da Secretaria de Igualdade e Assistência Social da Prefeitura de Sorocaba abrigou, na tarde deste sábado (24), o I Encontro da Comunidade Haitiana de Sorocaba.
Convocada pela Coordenadoria de Igualdade Racial da Secretaria de Igualdade, a reunião teve o objetivo de criar um campo de diálogo dos haitianos com o poder público local, além de abrir espaço para que eles apresentassem suas demandas e necessidades. Antes da reunião, não existia um indicativo oficial quanto ao número exato de pessoas que vieram do Haiti e escolheram Sorocaba para reconstruir suas vidas. A estimativa, baseada em matérias antigas dos jornais locais, era de 400 residentes no município, o que se mostrou, pela elevada participação dos imigrantes e pela projeção que eles próprios fizeram, inferior ao número real, que pode ser muito superior.
No Brasil há cinco anos, e em Sorocaba há dois, Pierre Jospin destacou a presença dos imigrantes na cidade. “Em 400 estamos aqui (na reunião), somos muitos mais, até 3.000, mas nunca antes a Prefeitura quis saber da gente, contar quantos somos e nem onde estamos; hoje é um dia feliz em que estamos sendo ouvidos, coisa que não existia”, destacou Jospin que é um dos vários que escolheram o Jardim Refúgio para residir.
A Prefeitura, representada pelas Secretarias de Igualdade e Assistência Social; Secretaria de Comunicação e Eventos, Secretaria de Cidadania e Participação Popular; Secretaria da Saúde e pela Secretaria de Segurança e Defesa Civil, destacou a atenção que dará, sobretudo para gerar mecanismos abrangentes e inclusivos na qualificação profissional e empregabilidade; atenção à saúde – onde os haitianos apontaram dificuldades para comunicação no momento da procura por atendimento- entre outros pontos.
Conforme Bony Louissint, uma das lideranças da comunidade haitiana na cidade, as necessidades do grupo são variadas. “Como chegamos sem documentação temos dificuldade em encontrar emprego e em ter atendimento médico, em buscar qualificação formal, com isso muitos aqui foram explorados por gente maldosa, muitos ficaram meses trabalhando em empregos pesados e não foram pagos”, destacou o representante.
Outro imigrante, Timber Chatelier, apontou que está com problemas para regularizar sua situação no Brasil e que encontra dificuldades no diálogo com a Polícia Federal. “Me falam pra levar um documento, mas não dizem qual nem como consigo, não sei o que fazer”, desabafa Chatelier, cuja situação será acompanhada pela Secretaria de Cidadania e Participação Popular.
O Comandante da Guarda Civil Municipal de Sorocaba, Antônio Mariano, teceu suas impressões sobre o encontro. “São pessoas que sofreram muito para estar aqui e mesmo assim mantém esse sorriso aberto, são irmãos nossos e serão acolhidos como tal. O mais importante, não vemos esse grupo envolvido em criminalidade, eles só querem trabalhar e construir a vida aqui, as adversidades não os jogaram no mundo do crime, é uma lição pra todos”, finalizou o comandante.
Relatadas, as demandas do grupo serão trabalhadas nos próximos dias e as providências iniciais do poder público devem apresentadas na próxima reunião, marcada para o dia 22 de julho, às 14h no auditório da Secretaria de Igualdade (rua Santa Cruz, 116).
Associação e trabalho Por sugestão dos representantes da Secretaria de Comunicação e da Secretaria de Cidadania, os haitianos terão assistência para a organização de uma associação, o que deve facilitar o diálogo com o poder público e com os órgãos representativos do Haiti no Brasil.
Com 90% dos presentes na reunião desempregados, os haitianos serão atendidos pelo Posto de Atendimento ao Trabalhador e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda deve estudar mecanismos de qualificação profissional a partir de convênios ou pela Universidade do Trabalhador (Uniten), entre outras ações.
Fonte: Agência Sorocaba de Notícias - Marcelo Adifa